Livro 2 - Página 7
Leda era um ser fantástico e não achei outra palavra para definir sua irradiação de amor. Um turbilhão de energia rodeava a mulher como um furacão e eu não conseguia tirar meus olhos desse ser tão magnifico. Entramos no saguão e por todo lado as paredes eram cobertas de bambus, raios em dourado desciam do teto e uma brisa balançava as folhas. As pessoas caminhavam em sua maioria com pastas ou pranchetas nas mãos, as roupas eram comuns: em sua maioria todos usavam branco e um avental que se dividia entre o vermelho e o dourado. Um balcão em U ficava no centro do saguão e, em como todos os prédios da cidade, tivemos que nos identificar antes de subirmos por um elevador de vidro que parou no 78º andar e aí o cenário mudou drasticamente.
O local era quase vazio, um imenso corredor com portas de carvalho (lembrava muito um corredor de hotel), quadros de Iansã estavam na parede. No final, uma imagem de Santa Barbara em um oratório e velas acesas, alguns bancos faziam daquele canto um local de oração. Fui o primeiro a falar:
– Quando eu estava encarnado nunca fui em lugar tão lindo assim!
Leda sorriu e respondeu:
– Todos os andares desse prédio têm uma beleza peculiar Ortêncio, já que nossa mãe Iansã preza pela perfeição e não aceita oferecer nada a menos que o melhor aos seus. Este local é uma ala aonde são tratados espíritos em depressão; a legião de Iansã é a responsável por cuidar daqueles que se perderam no tempo, que não se encontram e precisam de ajuda para sair das tempestades mentais criadas por seus infortúnios terrestres e espirituais.
– Sempre liguei Iansã somente aos raios e as chuvas, nunca pensei no tempo – Disse envergonhado.
– Essa é uma confusão que o povo da Terra faz, pois, nossa visão é muito limitada quando estamos encarnados. Quando falamos que Iansã rege o tempo, todos logo pensam somente nas coisas terrenas: na meteorologia. Lógico que o clima da Terra e as instabilidades vividas hoje tem suas causas físicas e isso discutiremos mais para frente, mas a instabilidade terrena é causada pela tempestade emocional que os seres vivem, nossa legião tem muito mais trabalho Ortêncio, do que vocês pensam e não ficamos apenas abanando nossos leques e disparando raios como vocês da Terra imaginam.
– Exi fio, o povo da Terra precisa aprender muito com a natureza e principalmente respeita-la, pois o mau uso da natureza humana também causa inundações, desabamentos e principalmente escassez de amor – Disse o preto velho.
– Mas quem avinhemos visitar nesse local? – Disse eu.
Maria colocou a mão em meu ombro e disse:
Maria colocou a mão em meu ombro e disse:
– Não estamos aqui apenas para uma visita Manoel, estamos aqui para uma internação.
E mais uma vez mostrei meu despreparo para as coisas do espírito:
– Mas eu não estou doente e nem em depressão, trabalhei nos últimos dias e ajudei vocês em várias questões e não quero parar de trabalhar, pois já perdi muito tempo!
Uma porta se abriu e dela saiu um homem alto, com uma barba até o peito, ele vestia uma bata marrom que ia até os pés, na cintura uma corda branca, os olhos negros. Ele me fitou e disse:
– Sim, você perdeu. E se continuar agindo assim perderá mais, pois aquele que não aceita suas limitações para com elas aprender nunca chegará a lugar algum.
Henrique sorriu e eu olhei de forma reprovativa para ele que logo ficou sério, o homem também olhava para Henrique e abriu os braços:
– Não virá aqui me dar um abraço soldado?
Calorosamente eles se cumprimentaram, João Guiné e Maria fizeram o mesmo e ele se apresentou:
– Olá Ortêncio, como tem passado? Ah, eu esqueço que alguns da Terra se escondem por traz da benção do esquecimento! – Disse ele de forma áspera – Muito prazer Mensageiro, meu nome é Josias e somos velhos amigos. Tão velhos, que estou aqui por sua causa...
Comentários
Postar um comentário