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Livro 2 - Página 10

A dúvida foi a primeira coisa que veio em meu pensamento, como já havia acontecido. Eu não sabia se havia realmente vivido aqueles momentos na Legião de Iansã ou apenas passado muito tempo em tratamento nas maquinas de Iemanjá, porém reencontrar minha velha amiga me fez pensar muito, pois eu acordara para enxergar meu egoísmo e o quanto estava ainda ligado a Terra. − Fio a vida é muito maior que a Terra e enquanto o ser humano não entender isso será mesquinho e apegado a um amor que não se baseia nos ensinamentos do Cristo e sim em seus próprios interesses. Apesar de sermos espíritos individuais com vontade própria e livre arbítrio, a lei é imutável e ela prevalecerá.  Assim disse João Guiné sentado de frente com o mar, para mim e Humberto. − Então os evangélicos estão certos João, quando dizem que tudo quem decide é o Pai e que prevalece a vontade Dele independente do que fazemos? − Esh fio, em parte sim. Pois da maneira que se usa isso parece que o Pai é um carrasco

Livro 2 - Página 9

Eu congelei e realmente não sei se foi por causa da emoção ou do medo de ver em um único lugar tantas pessoas conhecidas. Me perguntei que tipo de teste viria agora, pois algumas das pessoas que ali estavam nem meus amigos eram, pelo contrário existiam alguns que antes haviam se declarado meus inimigos. O rosto de Caio era indecifrável, mas algo me dizia que ele estava adorando aquela situação − Bem Ortêncio, passe o dia no bosque em contato com a natureza e depois venha ter comigo outra conversa para me contar como foi seu dia. E saiu sem ao menos me deixar fazer qualquer pergunta, as vezes acho que os médicos dos loucos são mais loucos que os pacientes. O local era enorme, maior que um ou dois campos de futebol, existia um pequeno lago no meio e era cercado por árvores frutíferas, flores e plantas estavam por todo o lado e, como em uma praça, havia bancos brancos espalhados por todos os lados. Pessoas de branco conversavam, liam, cuidavam das plantas e sorriam, mas alguns es

Livro 2 - Página 8

Muito se engana aquele que acha que por estar no plano espiritual está livre dos sentimentos que aqui achamos ser de nossa mente apenas, mas que estão enraizados no espírito e que não são diferentes do que sentimos na carne. A diferença é que aqui no plano espiritual sentimos tudo na raiz, o espirito fala mais alto, não temos a carne para nos atrapalhar ou influenciar. E foi assim que eu descobri que, apesar de passar um tempo trabalhando com os mensageiros e sendo um deles, eu ainda trazia em mim o orgulho e a arrogância de sempre. E foi assim que entrei naquele centro de tratamento da Senhora do Tempo. Primeiro eu me sentia traído pelos meus companheiros: eu estava em uma clínica de repouso com pessoas que diziam estar lá por minha causa (pelo menos uma delas dizia) e eu ficava me perguntando o que eu fizera para receber um tratamento desses, perdia a oportunidade bendita de ser tratado na minha dificuldade e de aprender com a lição que o Mestre Maior queria me ensinar. Meu quar

Livro 2 - Página 7

Leda era um ser fantástico e não achei outra palavra para definir sua irradiação de amor. Um turbilhão de energia rodeava a mulher como um furacão e eu não conseguia tirar meus olhos desse ser tão magnifico. Entramos no saguão e por todo lado as paredes eram cobertas de bambus, raios em dourado desciam do teto e uma brisa balançava as folhas. As pessoas caminhavam em sua maioria com pastas ou pranchetas nas mãos, as roupas eram comuns: em sua maioria todos usavam branco e um avental que se dividia entre o vermelho e o dourado. Um balcão em U ficava no centro do saguão e, em como todos os prédios da cidade, tivemos que nos identificar antes de subirmos por um elevador de vidro que parou no 78º andar e aí o cenário mudou drasticamente. O local era quase vazio, um imenso corredor com portas de carvalho (lembrava muito um corredor de hotel), quadros de Iansã estavam na parede. No final, uma imagem de Santa Barbara em um oratório e velas acesas, alguns bancos faziam daquele canto um l

Livro 2 - Página 6

Eu acordara atordoado com uma sensação de culpa e saudade, por minutos não senti o meu corpo. A máquina fora desligada, mas eu permanecia na maca, tanto pelo desgaste do meu períspirito como por vergonha de ainda estar em prantos. Os enfermeiros desligavam os eletrodos com muito carinho, porém sem se incomodarem com o meu pranto. Maria segurava minha mão e Mariana me sorria o sorriso dos que amam e que acolhem as dores de seres tão imperfeitos quanto eu. Ela foi a primeira a falar: – Ortêncio, você está de volta, meu amigo, como se sente?  Demorei alguns segundos para compreender a pergunta e com a voz embargada respondi:  – Ainda não sei Mariana, meu corpo está cansado e minha mente parece estar funcionando muito devagar.  – Eu lhe avisei, amigo, que não seria uma viagem fácil, muitos demoram semanas para ir até aonde você foi e, olha que esse só foi o primeiro passo, precisamos de muito mais tempo para abrir as portas que seu subconsciente fechou devido aos traumas do corpo e do es

Livro 2 - Página 5

Eu ainda demorei um pouco para entender o que acontecia, não revivia o passado e nem voltara para ele, já que isso, mesmo no plano espiritual, não seria possível. Minha consciência fora despertada para que eu recordasse o que há muito havia vivido e para quê isso se dera era minha pergunta, mas a resposta viria de imediato: para que eu não apenas conhecesse minhas profundezas, mas, para que começasse o trabalho de me refazer e de corrigir meus erros. Aquela equipe de trabalhadores não estava ali apenas como meros cientistas ou médicos, eles não eram movidos por curiosidades ou apenas por prazer, mas sim pelo próprio amor do Cristo que nos dava a oportunidade de recomeçar. Logo depois dessa experiência, descobri que alguns espíritos por si só conseguem recobrar sua consciência já que isso também depende de sua capacidade e do quanto sua morte fora traumática ou não. Comigo, por todo o meu apego ao plano material e por todas as mazelas que eu trazia durante minhas encarnações, tal exper

Livro 2 - Página 4

Penetrar na minha profundeza poderia trazer consequências desastrosas se eu não estivesse preparado quando fora colocado nos aparelhos. A partir de então, comecei a andar pela minha escuridão e percebi que ali era apenas eu comigo mesmo. Logicamente, os espíritos que trabalhavam naquele departamento tinham técnicas especiais e estavam preparados para me trazer de volta caso o meu consciente se perdesse diante do que ia encontrar. Sem que eu soubesse, parte da equipe de mensageiros se faziam presente também, Maria, João e Felipe juntamente com Humberto, o qual anotava tudo já que gostaria de levar o trabalho para sua colônia. E, então, encontrei minha mãe. Foi minha primeira visão: uma descendente de índios, já velha, sentada em uma cadeira de um quarto branco. Seu rosto era marcado pela idade avançada. Sentei-me ao lado dela, que sorriu sem nada dizer, enquanto eu já estava em lágrimas. Há muito não via minha mãe e até achava que ela já havia retornado à terra para uma nova experiênci