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Mostrando postagens de junho, 2017

Livro 2 - Página 5

Eu ainda demorei um pouco para entender o que acontecia, não revivia o passado e nem voltara para ele, já que isso, mesmo no plano espiritual, não seria possível. Minha consciência fora despertada para que eu recordasse o que há muito havia vivido e para quê isso se dera era minha pergunta, mas a resposta viria de imediato: para que eu não apenas conhecesse minhas profundezas, mas, para que começasse o trabalho de me refazer e de corrigir meus erros. Aquela equipe de trabalhadores não estava ali apenas como meros cientistas ou médicos, eles não eram movidos por curiosidades ou apenas por prazer, mas sim pelo próprio amor do Cristo que nos dava a oportunidade de recomeçar. Logo depois dessa experiência, descobri que alguns espíritos por si só conseguem recobrar sua consciência já que isso também depende de sua capacidade e do quanto sua morte fora traumática ou não. Comigo, por todo o meu apego ao plano material e por todas as mazelas que eu trazia durante minhas encarnações, tal exper

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Penetrar na minha profundeza poderia trazer consequências desastrosas se eu não estivesse preparado quando fora colocado nos aparelhos. A partir de então, comecei a andar pela minha escuridão e percebi que ali era apenas eu comigo mesmo. Logicamente, os espíritos que trabalhavam naquele departamento tinham técnicas especiais e estavam preparados para me trazer de volta caso o meu consciente se perdesse diante do que ia encontrar. Sem que eu soubesse, parte da equipe de mensageiros se faziam presente também, Maria, João e Felipe juntamente com Humberto, o qual anotava tudo já que gostaria de levar o trabalho para sua colônia. E, então, encontrei minha mãe. Foi minha primeira visão: uma descendente de índios, já velha, sentada em uma cadeira de um quarto branco. Seu rosto era marcado pela idade avançada. Sentei-me ao lado dela, que sorriu sem nada dizer, enquanto eu já estava em lágrimas. Há muito não via minha mãe e até achava que ela já havia retornado à terra para uma nova experiênci

Livro 2 - Página 3

Pensei que André iria descansar após a grande emoção que passara, mas os enfermeiros, logo após tirarem-no do salão, o levaram para uma outra ala do hospital. Agora, nos encontrávamos em um espaço com algumas dezenas de máquinas, que mais pareciam aparelhos de tomografia, porém, apropriada apenas para a cabeça, seu corpo ficava estirado em uma cama enquanto a cabeça permanecia dentro de um cubo, posto na extremidade. Nela, foram ligados fios que pendiam do tubo, eram tantos que pareciam teias de aranha, sobretudo por suas cores prateadas. Encimando o aparelho havia uma tela de tamanho médio. Ela transmitia o que André pensava ou sonhava naquele momento. Existia uma mesa em frente a uma cadeira, de onde um enfermeiro assistia e tomava nota de tudo que achava importante para o tratamento de André. Isso acontecia ao mesmo tempo com outros espíritos dentro da sala. O trabalho, segundo Mariana, às vezes durava semanas ou minutos. Então, voltei minha atenção a uma senhora deitada a uns tr

Livro 2 - Página 2

Mariana me intrigara com sua pergunta, por que eu não iria querer desvendar minhas profundezas, se isso era tudo o que mais queria naquele momento? Ainda mais depois de uma temporada na escuridão, buscando aprender, pois eu voltara com mais dúvidas sobre mim do que com respostas e precisava saber o que me levara a trabalhar para o mal e por que devia tanto a Malaquias, visto que ele precisava de minha ajuda mais do que nunca. – Ortêncio – Disse Mariana com sua voz suave – a maioria dos espíritos preferem deixar sua parte mais obscura em sua profundeza, uma vez que não é fácil se encontrar com o seu verdadeiro eu e saber quem se é de verdade. Não quero ofender o amigo, mas aqui é muito mais escuro do que as cidades que você visitou nas profundezas, este é o maior desafio do encarnado e continua sendo logo depois de ele desencarnar. Assim sendo, espero que minha pergunta não o tenha ofendido. – Não Mariana, você não me ofendeu, fiquei ainda mais curioso a respeito do que vou enfrentar

Livro 2 - Página 1

Eu achei que saber quem eu era seria mais fácil, mas a tarefa de se descobrir é uma da mais difíceis que se pode ter em nossa vida, tanto carnal quanto espiritual. Ainda assim, sentia-me feliz por agora ser uma semente do bem. Por estar ao lado dos meus companheiros e, principalmente, por aprender que o mundo dos mortos não é uma ilusão ou fantasia, como aquelas contadas em livros bonitos. O plano espiritual, como vocês gostam de chamar, é tão real que, com o mínimo de esforço, os da carne poderiam vivê-lo muito antes de morrer, porém, quem está disposto a isso? Qual de nós fará como Pedro que se transformou de simples pescador de peixes em pescador de almas? Sim, Pedro tinha medos, tinha seus problemas e em alguns momentos lhe faltou a fé, mas nunca lhe faltou o amor. Eu, sentado diante dos prédios de Aruanda, pensava em tudo isso. Passar uns dias em casa, depois de tantas peripécias, estava me ajudando muito, diferentemente do que se pensa o espírito é um ser universal, sim, porém

Nosso mensageiro

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Esta é foto do nosso mensageiro. Achei muito interessante postar esta foto do nosso amigo, pois este é um dos poucos registros fotográficos, outro motivo é dar um rosto para nosso amigo. Afinal, sei que cada um que acompanha esta história o imagina de um jeito e acho que isso nos aproximará ainda mais dele. Como nós, ele esteve aqui nesse planeta tentando fazer sua parte. O Sr. Ortêncio foi um homem bem-humorado, pai de 22 filhos, foi casado com Maria por mais de 30 anos, sendo que nunca, nunca se casou novamente depois do desencarne dela, pois, segundo ele, só se amava uma vez na vida. Ortêncio amava os netos e sua família, trabalhou na estrada de ferro de Cubatão, nasceu na Bahia e se dedicou a fazer o bem ao próximo. Ele sempre falava das coisas do espírito e do respeito ao próximo, tinha um carinho todo especial por cachorros e adorava mamão, dava a mesma atenção a todos que lhe procuravam, sem se importar com classe social. Também adorava se vestir bem e tinha uma paixão incon

Livro 1 - Página 70

Paramos diante de uma grande porta negra de aço, nela estavam esculpidas centenas de caveiras, aliás, mais parecia que o aço fora derramado sobre aquelas formas. Ao nos aproximarmos, a porta se abriu nos dando a certeza que estávamos sendo aguardados. Era um imenso salão onde centenas de espíritos berravam, portanto, o som que vinha lá de dentro era ensurdecedor. O local era iluminado por tochas o que o tornava mais sombrio, se isso fosse possível. Felipe deu o primeiro passo, os seres abriram um corredor e ao fundo pôde se ver que em cima de um mini palco estava sentado, em um trono também formado por caveiras, um ser horripilante. Estávamos a quase quinze metros de distância, mas sua energia tão densa fazia com que meu corpo doesse, a impressão que eu tinha era que meu perispírito começara a se dissolver. Nenhum dos mensageiros falaram nada ou demostraram qualquer reação mesmo que por telepatia, ainda que a caminhada até as proximidades do trono tenha sido feita debaixo apenas dos

Livro 1 - Página 69

A cidade parecia estar em alerta, a agitação se dava por estarmos em frente ao prédio daquele que comandava, se não toda as operações ali, ao menos uma grande parte. Os guardas formaram um cordão de isolamento, distando uns dez passos de nossas costas, enquanto por ali uma pequena multidão de espíritos em sofrimento se formava. Tal multidão aumentava a cada segundo e nós ouvíamos de tudo: alguns pedindo ajuda; outros nos ofendendo e nos expulsando; alguns gritavam contra o tirano, pedindo sua cabeça. Os guardas voltaram com caras de surpresos e/ou contrariados, não sabíamos como decifrar, de qualquer modo nos orientaram a entrar no prédio. A Legião de Ogum ficaria lá fora no cordão de isolamento, já a guarda de Soraia nos acompanharia. O lugar escuro, era mal iluminado por tochas e cheirava muito mal, o térreo não continha móveis, era apenas um grande salão vazio, com uma enorme escada no centro. Subimos com cuidado e, aí sim, começava nossa surpresa com tudo o que víamos.  O general

Livro 1 - Página 68

Nenhum de nós, por respeito ao Preto Velho João Guiné, fizemos qualquer questionamento sobre o que aconteceu ali. Recompomo-nos e, para que ganhássemos tempo e energia, aguardamos a caravana de socorristas. O Preto Velho se manteve calado por mais de uma hora e por algumas vezes as lágrimas banharam seu rosto moreno, sumindo em meio a sua barba branca como algodão. Após o socorro daqueles que de boa vontade acompanharam a caravana, João abriu um sorriso e disse: – Que assim seja! Ficamos no veículo por algumas horas e, após uma reunião, novamente estávamos nas ruas escuras da cidade. Porém, algo diferente acontecia ali, não sei como isso pôde acontecer afinal, mas o ar ficara mais pesado e já não pisávamos em nada sólido, pois as ruas tornaram-se pântanos rasos. Intrigado com o que acontecia, Humberto perguntou:  – O que acontece aqui? O que é este líquido e como ele chegou até aqui? – Foi o guardião Felipe quem respondeu: – Isso, amigo evangélico, acontece por dois motivos, primeira

Livro 1 - Página 67

A batalha duraria menos do que eu imaginara. Aqueles seres tão cheios de si e cobertos de arrogância logo debandaram ao ver que os guerreiros das Legiões de Ogum juntamente com a escolta armada e que completava a equipe, se apresentaram melhor preparados para o combate quase físico, pois havia armas que disparavam redes prateadas, as quais foram disparadas aprisionando alguns deles, que choravam ou esbravejavam. O ser animalesco foi um dos prisioneiros, já entre nós não sofremos nenhuma baixa, como disse Joana da Legião de Ogum ao Preto Velho João Guiné. Descemos o monte, onde ficamos protegidos, vendo os guardiões lutarem. – O que faremos com os prisioneiros? – Foi a pergunta de Soraia a João Guiné. – A fia faz contato com a Legião de Maria e eles se encarregarão de ajudar esses pobres coitados. Ao encontrar-se de frente com o chefe que mugia e gritava ao mesmo tempo, em uma mistura de dor e de raiva, João Guiné disse-lhe:  – Poderia ser de outra forma, fio. Nós, espíritos que tr

Livro 1 - Página 66

Após as explicações de César, nossa equipe teria que atravessar o escuro portão, e foi o mesmo César que nos orientou nessa travessia:  – O que os irmãos veem é uma ilusão, ao atravessarmos o portão da cidade o cenário mudará e espero que vocês continuem firmes para assim continuarmos a penetrar na cidade Nova Geração, os líderes sabem de suas intenções e, claro, não facilitarão em nada a passagem de vocês por aqui. Seus principais alvos são Humberto e o mensageiro Ortêncio Manoel. – Disse o guardião. Isso me causou estranhamento, pois há muito que, além de Maria, ninguém me chamara pelo segundo nome. – Por que nós César? E pode me chamar só de Ortêncio mesmo. Ele me analisou por alguns segundos, que para mim pareceram uma eternidade e me disse: – Aqui, mensageiro, sabe-se mais de você do que se possa imaginar e de sua missão também, todos chamam você assim porque não sabem com qual nome você se apresentará para os viventes que participarão do projeto Mensageiro de Aruanda, e por que

Livro 1 - Página 65

O transporte da equipe de Maria voltaria à Colônia para ajudar aqueles que ali foram socorridos, e nossa equipe permaneceria por ali para começarmos nossa missão. Após algum tempo e depois da explicação de João Guiné, eu já conseguia me equilibrar, falo por mim, porque a reação dos outros membros, já acostumados com este tipo de socorro e de lugar, foi a de começar a trabalhar imediatamente e a minha e em parte a de Humberto foram reações de desespero.  – Fios, – Disse o Preto Velho – nenhum dos irmãos que aqui estão são pobres coitados ou estão sendo castigados por Deus, mas, sim, precisam de nossa compaixão por estarem perdidos na escuridão. Por sua ignorância acerca do amor é que chegaram a este estado, criado exclusivamente por sua recusa em aceitar as Leis Divinas.  – Que Leis são estas, João? – Perguntei.  – Este pântano tão sofrido é alimentado por espíritos que se recusam a aceitar a Lei Divina do progresso, retardam o processo reencarnatório até seus perispíritos tornarem-se

Livro 1 - Página 64

Nossos veículos estavam preparados do lado de fora daquele castelo que tantas surpresa havia nos trazido. Os transportes tinham sofrido pequenas alterações, que Soraia achara importante promover para o sucesso de nossa perigosa missão. Lá fora, o cenário nada mudara, o local ainda escuro parecia apenas mais frio. A equipe de socorro coordenada pela Legião de Maria já havia ocupado seu veículo, nós que entraríamos na cidade estávamos parados em frente à colônia como se nos despedíssemos. Foi Federico quem me falou:  – Acalme seu coração, mensageiro, pois você ainda virá aqui muitas vezes.  Eu apenas sorri, era estranho notar como a tecnologia se misturava com o tradicional: pontos eletrônicos eram usados por todos nós e, ao nosso lado, soldados bem armados com armas elétricas nos davam a impressão de estarmos todos em um filme futurista. Eu me perguntava qual médium teria a coragem de passar tal informação para a frente, quando mais uma vez João Guiné esclareceu-me:  – Ortêncio, meu f

Livro 1 - Página 63

Eu saíra daquela reunião apreensivo. E por mais que a equipe de mensageiros demonstrasse estar confiante, algo em mim me remetia ao medo de, mais uma vez, estar prestes a encontrar seres que fazem de tudo para levar adiante seu ideal contra o Cristo. Evidentemente, eu não fora nenhuma vítima quando estive em contato com tais pessoas e apenas fui colher ali aquilo que havia plantado em minhas existências anteriores e, pela misericórdia divina, aquele inferno a que me ative pôde até ser de grande ajuda. Percebendo minhas indagações, o guardião Felipe foi o primeiro a falar: – Ortêncio, quem trabalha na seara do Cristo pode sim ter medo, mas nunca duvida que o socorro virá. Em muitas situações que vivemos no astral, tudo parece perdido para nós espíritos que somos ainda filhos, mas não para o plano maior, que não faz curvas ou mesmo não se afrouxa para atender àquele "melhor" ou para punir qualquer outro, tudo segue o curso natural das coisas.  A esta altura, já estávamos no te

Livro 1 - Página 62

Caminhamos pelos corredores da Colônia em silêncio, pensando no que havia nos acontecido. Uma mistura de felicidade e de decepção invadia meu ser, pois eu queria muito ter mais conhecimento para novas viagens astrais. Felipe, o guardião, sempre sincero, quebrou o silêncio: – O que você faria agora com tal capacidade suplementar, Ortêncio? A desperdiçaria e a usaria em momentos e em lugares desnecessários – eu ia retrucar, mas o guardião não me deu tempo para tal e continuou:  – O conhecimento traz grandes responsabilidade para as quais muitos espíritos ainda não estão preparados e, com isso, podem criar mais problemas do que promover soluções na espiritualidade. Aliás, já existe há tempos tecnologias que só estão chegando agora à Terra e mesmo assim o povo da carne as utilizam de maneira errônea e, com isso, acabam deixando de lado o verdadeiro propósito de tal utilização. Então, velho mensageiro, cuidado, pois ter conhecimento é uma coisa e ser sábio é outra...  – De qual tipo de t

Livro 1 - Página 61

Assim que entramos no grande castelo daquela colônia, não sentimos mais frio e a energia mudou completamente. Ali, o sentimento de acolhimento era tão grande que chegava a nos emocionar. Caminhamos por um enorme corredor e eu me perguntava aonde ele nos levaria, enquanto escadas e portas eram vistos a cada dez passos nossos. Tudo era muito rústico, porém também aqui mais uma vez a tecnologia concomitante me assombrava. Havia pessoas de branco e usando faixas de cores diversas e que caminhavam de um lado para o outro. Apesar dos sorrisos no olhar – pois aqueles seres traziam a alegria na alma e não no rosto – foi seu silêncio que mais me chamou a atenção. Chegamos em frente a uma porta que, ao se abrir, nos apresentaria uma ala para visitantes com quartos individuais já preparados para o nosso descanso. Foi Augusto quem nos falou:  – Amigos, logo após o vosso descanso, voltarei aqui para melhor mostrar a vocês nosso trabalho e discutirmos como faremos parte do trabalho de vocês. Até m

Livro 1 - Página 60

A cada hora, minuto ou segundo que passava, sentíamos o ar ficar cada vez mais pesado. Começáramos a senti-lo como se ele fora o frio encarnado. Também me incomodava muito um tipo de poeira cinzenta que, mesmo caindo lá fora, deixava o local mais assustador. Assim, víamos cobertos por essa poeira, árvores sem vida, prédios demolidos e em estado deplorável, tudo isso formava o cenário de um local absolutamente deserto. Nosso veículo era apenas seguido pelo veículo da equipe de Maria, mas quase não sentíamos as energias dos tripulantes de apoio. Viajamos por essa paisagem assustadora por algumas horas, até que, como que surgindo do nada, uma grande fortaleza se abriu a nossa frente. Seus muros feitos todos de pedras mediam quase cinco metros de altura e, por trás deles, encontrava-se um grande castelo ou igreja – de longe eu não sabia diferenciar. Espíritos de branco com coletes dourados faziam a vigia em guaritas sobre a muralha. Mas vigiar o quê e por quê, em um local que, ao menos p